Cursou com o irmão, Alexandre de Gusmão, o seminário jesuíta de Belém da Cachoeira, na Bahia, onde se tornou noviço. O irmão Alexandre chegou a ocupar o cargo de secretário do rei D. João V e tornou-se conhecido como o negociador que consolidou as fronteiras brasileiras expandidas para oeste pelos bandeirantes.
Bartolomeu, foi o primeiro homem no mundo a conseguir elevar um objeto do solo, movido pelo calor. Ao demonstrar publicamente que havia inventado o Balão a Ar Quente, ou Aeróstato a Ar Quente, ou O Mais Leve que o Ar, no dia 8 de agosto de 1709, na Sala das Embaixadas do Palácio Real de Lisboa, tornou-se o Primeiro Cientista das Américas.
O padre inventor ou voador, como ficou conhecido, foi um dos primeiros elementos escolhidos para fazer parte da Real Academia Histórica de Portugal, quando da sua criação em 1720. Em 6 de agosto de 1721, inventou um processo para produzir carvão de terras artificiais. Projetou ainda fabricar artefatos hidráulicos, particularmente um sobre o qual escreveu o opúsculo de 13 páginas publicado em Lisboa e intitulado Vários modos de esgotar sem gente as naus que fazem água. Além de falar fluentemente as línguas latina, francesa e italiana, traduzia com facilidade o grego e o hebraico.
D. João V mandou que lhe dessem uma subvenção de 300 mil réis anuais, a fim de que prosseguisse nos estudos, mas a Junta dos Três Estados negou-se a dar-lhe o auxílio, sob a alegação de que não havia dinheiro.
Bartolomeu, como o irmão, sempre foi vítima da zombaria de seus contemporâneos e de perseguições da Inquisição por ser amigo de judeus. Por causa disso, viajou para a Holanda, onde fez experiências com lentes, e para a França, onde vendeu nas ruas de Paris remédios por ele mesmo fabricados.
Era um espírito inquieto, sempre inventando alguma coisa, sempre experimentando novos ramos do saber. Estudou Direito, teve atuação brilhante nos tribunais, foi membro da Academia Real de História, cumpriu as missões diplomáticas, sempre com o apoio de Dom João V. Para o rei, foi um homem de muita inteligência, além de curioso, com sua mania de inventar. Para os fidalgos e os inquisidores, um doido que inexplicavelmente gozava dos favores da Corte. Com as intrigas, surgiram acusações de feitiçaria e Bartolomeu teve de fugir novamente. No caminho, em Toledo, atacado por febres, faleceu na noite de 18 para 19 de novembro de 1724. Sua obra, marcada pelo desprezo dos contemporâneos, só mais tarde foi devidamente valorizada como a obra de um pioneiro da aviação.
Satirizado por poetastros do valor de Thomaz Pinto Brandão, o "Camões do Rocio", e outros zoilos dessa tarefa inglória, o sábio precursor da navegação aérea, ao deixar Portugal, em 28 de setembro de 1724, teve por despedida o seguinte soneto:
"Depois de dar ao povo mil pesares
Bartholomeu Lourenço, o Passarola,
Servindo-lhe o paquete de gaiola,
Também, também voou por esses ares
O medo lhe deu asas e talares
E qual Mercúrio, ou qual Padre CAROLA
De voador do ar, lhe deu na tola,
Ir ser agora voador dos mares.
Dizem, se sujeitou ir passar fome,
Fugindo ao Santo Ofício e logo, logo,
antes que o raio se empregasse nele.
E assim sendo contrário aos seus dois nomes:
Sendo Lourenço teve medo ao fogo,
Sendo Bartholomeu guardou a pele".
Em 21/01/1914, o vereador santista, João Manuel Alfaia Rodrigues Júnior, apresentou a proposta de se denominar Avenida Bartolomeu de Gusmão à via conhecida como Praia da Barra, que então correspondia a toda a extensão da praia da cidade de Santos. A decisão foi oficializada pela lei 647, de 16/02/1921, entrando em vigor a 01/01/1922. Posteriormente, outros trechos da avenida atlântica foram ganhando novos nomes, encurtando assim o traçado da via em homenagem ao Padre - atualmente restrito à faixa entre a confluência com a Avenida Conselheiro Nébias e a Avenida Saldanha da Gama.
Nenhum comentário:
Postar um comentário