sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Santistas "depõem" o presidente de São Paulo (1891)

O Poeta do Mar

Américo Brasiliense fora eleito Presidente do Estado. Nessa época, o ambiente em Santos era o de um caldeirão fervente. Ainda havia na cidade muitos monarquistas convictos, a luta entre as duas facções republicanas aumentava o temor de uma reviravolta política e da volta da monarquia e corriam soltos os boatos de uma revolução carioca para a restauração da antiga ordem. Foi em dezembro desse ano que o Marechal Deodoro aplicou seu conhecido golpe de Estado, ao qual o Presidente de São Paulo aderiu pronta e arbitrariamente. Os santistas chocados lançaram protestos e manifestos convocando o povo até à oposição armada ao Presidente, com Vicente de Carvalho (o poeta do mar) fazendo grande agitação, imbuído da idéia de depô-lo. A polícia é chamada para prendê-lo e restabelecer a ordem, mas ele se entrincheira no "Diário da Manhã". No dia 14, depois de passeatas e até tiroteio com a polícia, o povo inspirado no exemplo de Vicente de Carvalho "resolve depor" o Presidente com uma moção e a organização de um batalhão patriótico para sustentar, se preciso pelas armas, as resoluções da histórica moção. Histórica porque, no dia seguinte Américo Brasiliense renuncia ao cargo e assume o seu Vice Cerqueira César, integrante do Clube Republicano de Santos.

Engenho dos Erasmos



Em 1533, aproveitando as quedas d'água do Rio Jurubatuba aos pés do Morro da Nova Cintra, no atual bairro da Caneleira,na cidade de Santos, foi construído o terceiro engenho de cana-de-açúcar do Brasil. Iniciativa de Martim Afonso de Souza, que formou a sociedade "Armadores do Trato", o Engenho dos Erasmos, em estilo açoriano, tinha um moinho d'água com plataforma para vencer o terreno desnivelado e possuía unidades administrativa e residenciais, inclusive senzalas para os escravos. Produzia cana para exportação e rapadura e aguardente para o consumo interno. Em 1540 um dos sócios, o holandês Erasmus Schetz, adquiriu a parte dos outros. A moenda funcionou até o início do século 18, quando entrou em decadência e, por fim sofreu um incêndio que o destruiu quase que completamente, restando apenas ruínas. Em 1943 os terrenos foram comprados por Otávio Ribeiro de Araújo, que loteou a propriedade e doou o Engenho São Jorge dos Erasmos à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, em 1958.Considerado importante sítio arqueológico, foi tombado nas 3 esferas (municipal, estadual e federal). Devido a um desabamento de parte das parede, a USP suspendeu as visitas temporariamente, reabrindo novamente no final de 2004. Atualmente, as ruínas abrem das 9h às 16h, com programas especiais nas férias.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Zumbi

Em homenagem do Conselho Municipal da Comunidade Negra e da Prefeitura de Santos, foi instalado em 20 de novembro de 1990 (Dia da Consciência Negra), na Praça Palmares em Santos (confluência das avenidas Siqueira Campos e Afonso Pena), esta escultura de Zumbi (Francisco), líder do Quilombo dos Palmares em 1695.

O Quilombo dos Palmares foi fundado em 1597, nas terras da Serra da Barriga, atual estado de Alagoas. Em pouco tempo, o seu ideal de liberdade e competente organização fez com que o quilombo se tornasse uma verdadeira cidade.
Até que, em 1695, a expedição de Domingos Jorge Velho destruiu o Quilombo dos Palmares e assassinou Zumbi.
Em 1995, depois de 300 anos de seu assassinato, foi realizada no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares - contra o Racismo pela Igualdade e a Vida, reunindo em Brasília cerca de 30 mil pessoas. Zumbi dos Palmares foi oficialmente reconhecido pelo governo brasileiro como herói nacional.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Francisco Serrador Carbonell


Espanhol de Valência, gostava de contar a história de sua chegada ao Brasil, e as dificuldades por que passou em Santos, antes de enriquecer vendendo peixe em Curitiba, ingressar no mundo dos espetáculos e formar seu império no mundo do cinema.
Conta o memorialista Álvaro Augusto Lopes que, em 1905, Francisco instalou cinema na praça de touros que existiu na rua Amador Bueno em Santos, (onde estão hoje os armazéns da Cagesp). No centro da arena ficava "enorme pano (tela) suspenso de um quadrado." A aceitação do novo divertimento foi rápida, pois nesse mesmo ano passaram a funcionar dois cinemas na Rua 15 de Novembro - a nossa Rua do Ouvidor: o Bijou Theatre do bigodudo Bittencourt, no qual cabiam apenas 100 pessoas, e, próximo à Praça Barão do Rio Branco, o Cine Moderno, "que reunia assistência adequada ao nome".

O Instituto "Dona Escolástica Rosa" foi inaugurado em 1° de janeiro de 1908

Homenagem a João Otávio dos Santos,
esculpida por Caetano Fracarolli,
que mostra esse negociante conduzindo um aluno.
Nascido em Santos, em 08 de março de 1830, João Octávio dos Santos era filho bastardo de Escolástica Rosa, ex-escrava do Conselheiro João Octávio Nébias, que o balizou e cuidou de sua educação, ensinando-lhe as primeiras letras e noções de aritmética. Mais tarde, o padrinho encaminhou-o também nos negócios. Muito inteligente e de grande visão para o comércio, o jovem mulato foi acumulando fortuna, tornando-se um dos pioneiros no ramo de exportação de bananas aos países vizinhos e na importação de trigo da Argentina. Participou da política local e exerceu vários cargos públicos até a proclamação da República. Suas ações sempre estiveram direcionadas em favor dos mais empobrecidos. Atuou também como Provedor da Santa Casa de Santos por mais de vinte anos. Aos 69 anos, sentindo que sua saúde estava frágil, fez um testamento a fim de dispor de sua fortuna, visto ser solteiro e não ter herdeiros diretos. Legou parte de seus bens à Santa Casa; e outra, à construção de um Instituto Educacional que abrigasse meninos pobres e órfãos. Previdente, para que nada faltasse a essas crianças e para que vivessem independentes das benesses públicas, deixou setenta e quatro imóveis, cujos aluguéis deveriam cobrir as despesas com pessoal, alimentação e manutenção da escola. Nomeou o senhor Júlio Conceição seu testamenteiro e responsável pela execução e instalação do Instituto, que após concluído passaria a ser mantido pela Santa Casa de Misericórdia. O local escolhido para a construção do prédio foi a Chácara da Barra ou do Ramal da Ponta da Praia, uma das propriedades de João Octávio dos Santos, localizada na orla marítima. A obra foi projetada pelo escritório do Dr. Ramos de Azevedo, engenheiro de grande prestígio junto à burguesia paulista. Ergueu-se então um edifício majestoso, em estilo neoclássico, e que seguia os mesmos princípios adotados nas construções dos hospitais: em três corpos, para garantir a circulação do ar e a salubridade.

Estátua de João Octávio lendo um livro localizada no pátio interno do prédio

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Na Praia do José Menino

Nem todo mundo sabe, mas os surfistas e o surf santistas são referência no País e na própria história do esporte. A primeira prancha de surf construída no Brasil foi feita por três santistas, Osmar Gonçalves, Jua Haffers e Silvio Manzoni, em 1938, que a usaram para surfar na Praia do Gonzaga. Daí para frente, a modalidade só cresceu na Cidade: surgem os primeiros fabricantes de pranchas, os campeonatos, as lojas de roupas e grandes nomes. Um deles é o campeão mundial e santista Picuruta Salazar. O surfista conta que muita gente não se conforma de o surf ter se desenvolvido tanto numa Cidade com praia de baía, sem grandes ondas. Picuruta, que já surfou no mundo inteiro, aponta o Quebra-Mar, em Santos, como o melhor local para o surfista em todo o Brasil, em termos de infra-estrutura. A iluminação noturna, que permite a prática do surf também à noite, só existe na Austrália e na África do Sul. Atualmente, em Santos, há cerca de 4 mil surfistas, entre amadores e profissionais, que caem nas águas do José Menino, para pegar ondas de no máximo três metros de altura.

Palácio da Bolsa Oficial de Café de Santos




A esquina das ruas do Comércio e XV de Novembro é um ponto especial da cidade. Ali fica a sede da Bolsa Oficial de Café, totalmente restaurada, exibindo de novo a imponência dos tempos da inauguração, em 7 de setembro de 1922, durante as comemorações do centenário da Independência. Considerado um dos mais belos edifícios da Cidade e listado pelo Condephaat entre os monumentos de maior valor histórico, cultural e arquitetônico do País, o prédio é resultado de um projeto francês, inspirado no renascimento italiano, que venceu o Salão de Arquitetura de Paris, na primeira década do século. Foi criado para abrir a principal Bolsa de Café e Mercadorias do mundo, pois na época Santos era a maior praça cafeeira do planeta. Tudo nele sugere riqueza, a começar pelas mais de 200 portas e janelas; o pórtico em granito, enfeitado com as figuras de Mercúrio (deus do Comércio) e Ceres (deusa da Agricultura); a torre dos relógios, onde estátuas representam a indústria, o comércio, a lavoura e a navegação; as numerosas colunas, de diversos estilos. No interior, mármore de Carrara, cristais belgas, bronzes franceses, metais tchecos e jacarandá podem ser encontrados nos salões, onde também estão o vitral e três grande telas criadas por Benedito Calixto. Tudo isso levou 14 meses para ser recuperado pela Secretaria de Estado de Negócios da Fazenda, proprietária do imóvel, onde funciona também o primeiro Museu do Café Brasileiro, pela Associação Amigos do Museu do Café. Aos 77 anos, o prédio abriga além do museu, uma cafetaria e espaço para exposição.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Santos

Descendo a serra pela Anchieta ou Imigrantes,
essa é a visão que se tem.
Aí aparecem Santos, São Vicente, Guarujá, Praia Grande e Cubatão.

O Santista Plínio Marcos

Nasceu em Santos, a 29 de setembro de 1935. Filho de família modesta, não gostava de estudar e terminou apenas o curso primário. Foi funileiro, sonhou ser jogador de futebol, serviu na Aeronáutica e chegou a jogar na Portuguesa Santista, mas foram as incursões ao mundo do circo, desde os 16 anos, que definiram seus caminhos. Aos 19 anos, fazia o palhaço Frajola e pequenos papéis como ator em diversas companhias circenses e do teatro de variedades. Também atuou em rádio e na televisão local, em Santos. No circo aprendeu o tarô, a poesia dos contos populares e o jogo cenográfico da magia com a pobreza. O contato com o teatro aconteceu por acaso, quando teve de substituir um ator doente na peça Pluft, Um Fantasminha, de Maria Clara Machado. Em 1958, conhece a jornalista e escritora modernista Patrícia Galvão,a Pagu. Ela e seu marido Geraldo Ferraz, também jornalista e escritor, abriram os horizontes intelectuais dos jovens atores do movimento de teatro amador de Santos, inclusive Plínio, apresentando-lhes textos de dramaturgia moderna. Ao ler seu primeiro texto, Pagu o comparou a Nelson Rodrigues, figura que Plínio sequer conhecia.
Plínio estreou como dramaturgo aos 22 anos, com a peça Barrela (1958), inspirada na história real de um garoto que era seu vizinho, em Santos. Estuprado na cadeia, o menino matou, tempos depois, todos aqueles que o sodomizaram. A peça estreou no Centro Português com atores que ganhariam fama: Milton Gonçalves, Joel Barcelos e Fábio Sabag. Foi apresentada no II Festival Nacional de Teatro de Estudantes, evento organizado por Paschoal Carlos Magno. Barrela provocou polêmica e escândalo e foi vetada pela censura. E, por sua linguagem, permaneceria proibida durante 21 anos.
A censura a Barrela foi apenas a primeira de uma série de proibições. Sob o signo da censura, Plínio vive até os anos 80 sem fazer concessões, sendo intensamente produtivo e sempre norteado pela cultura popular. Quando a censura impedia a divulgação de seu trabalho, ele ganhava a vida vendendo seus livros na rua. Mas as peças que eram censuradas no Brasil faziam sucesso em Nova York, Paris e Buenos Aires.
Com a abertura política, as mudanças trazem uma nova fisionomia para o teatro brasileiro. As peças de Plínio também dão uma guinada, mas ele volta a impressionar com o romance Na Barra do Catimbó (1984), e a peça Madame Blavatsky (1985). O tarô, que aprendera no circo, assume outro peso na vida de um Plínio que se volta para as questões místicas e religiosas. É a época de Jesus Homem, Balada de Um Palhaço e A Mancha Roxa.
Plinio faleceu em São Paulo, aos 64 anos, no dia 19 de novembro de 1999, de falência múltipla dos órgãos. Deixou inacabadas a peça infantil Seja Você Mesmo e O Bote da Loba.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

domingo, 12 de outubro de 2008

São Vicente recebeu nome de mártir que morreu pela fé

São Vicente de Saragoça





De acordo com a história oficial do Município de São Vicente, a origem do nome remonta ao ano de 325. Na cidade espanhola de Huesca, então Província de Saragoza, nascera o jovem Vicente, padre dedicado que se destacou pelo trabalho a ponto de o bispo local, D. Valério, lhe haver confiado a missão de pregador cristão e doutrinador catequético.Valério e Vicente defrontavam-se com a fúria do imperador romano Diocleciano, que perseguia os cristãos na Espanha. Acabaram sendo presos por Daciano, um dos homens de confiança do imperador. Daciano baniu o bispo e condenou Vicente à tortura, tentando fazê-lo renegar a fé cristã.
Mas, a resistência física e espiritual do jovem padre ao martírio surpreendeu até os carrascos. Eles relataram a impressionante força de vontade do rapaz que, mesmo com lascas de ferro sob as unhas e colocado numa grelha para ser cozido aos poucos, continuou a reafirmar sua crença.
Na noite de 22 de janeiro, os algozes decidiram matá-lo com garfos de ferro, dilacerando-o completamente. Seu corpo foi jogado às aves de rapina. Os registros dão conta de que uma delas, um corvo, espantava as demais e impedia-as de se aproximarem. Os carrascos resolveram lançar os despojos ao mar.
Resgatado por cristãos, o que restou do cadáver acabou sepultado em uma capela perto de Valência. Depois, foi levado à Abadia de Castes, na França, onde aconteceram os primeiros milagres. Finalmente, seguiu para Lisboa e repousa até hoje na Catedral da Sé.
O jovem religioso foi canonizado com o nome de São Vicente Mártir. Tornou-se padroeiro de São Vicente (SP) e de Lisboa (Portugal). E o dia 22 de janeiro lhe é dedicado. Por isso, em 22 de janeiro de 1502, quando o navegante Gaspar de Lemos chegou no comando de uma expedição lusitana à ilha onde está localizado o município, deu-lhe o nome de São Vicente. Até então, era conhecida como Ilha de Gohayó.

A primeira ponte pênsil a ser montada no Brasil fica no sopé do Morro dos Barbosas, São Vicente



Inaugurada em 21/05/1914, a velha Ponte Pênsil começou a ser planejada em 1910, pelo engenheiro sanitarista Saturnino de Brito, com o objetivo de promover o escoamento das águas e evitar a propagação de doenças. A necessidade de conduzir os dejetos até a ponta do Morro do Itaipu levou o sanitarista a planejar a construção de uma ponte sobre o Mar Pequeno, em São Vicente, entre os morros dos Barbosas e Japuí. A passagem facilitaria inclusive o acesso à Fortaleza de Itaipu, na área continental do município, até então de difícil comunicação. A sua inauguração foi prestigiada por diversas personalidades de fama internacional a edificação é exemplo da capacidade da engenharia brasileira, a Ponte Pênsil, quer por sua aparência monumental, ou por sua comprovada solidez, é sem dúvidas um dos principais monumentos históricos da cidade, bem como do Brasil. A velha ponte ainda conserva vários materiais originais, trazidos de Dortmund, na Alemanha, para sua construção, como os cabos de aço que sustentam sua gigantesca estrutura. As velha ligação, tombada pelo Condephaat, suporta até 60 toneladas e, em 1994, quando completou 80 anos, ganhou um sistema de iluminação que a destaca à noite no cenário vicentino, a iluminação é idêntica a de outras pontes famosas como a Golden Gate, em São Francisco, nos Estados Unidos, e a Ercílio Luz em Florianópolis. Sua reforma em 1999, garantiu a velha senhora, "vitalidade" para a virada do século. A Empresa Bandeirante de Energia (EBE) firmou parceria com a Prefeitura de São Vicente com o objetivo de bancar os custos da nova iluminação da ponte. A iluminação foi uma homenagem da empresa aos 500 anos do Brasil. A obra é do tipo "ponte suspensa por cabos de aço" ; com vão livre de 180 metros por 5metros de largura. O piso de madeira está a 6,5 metros da maré mínima, e a 4 metros da maré máxima. Suas torres atingem 20 metros e sustentando cada uma 4 cabos de aço de 0,085 mm e 12 de 0,064mm. Nas laterais do piso, está o leito para a travessia de pedestres com 1,4o metros de largura, lateralmente sobre a ponte passam 2 emissários de esgoto de 0,50 mm e um terceiro com tubos de 0,65 mm, rumo a Praia Grande ( antigo bairro de São Vicente, emancipado em 1967 ). A Ponte Pênsil projetada para sustentar além de seu próprio peso, três linhas de tubos de aço para esgoto (finalidade principal para qual foi construída); carga uniforme de 100 kg por m2 distribuída sobre os cabos de suspensão, e 2 carros motores, cruzando-se, cada carro tendo o peso de 6 toneladas sobre dois eixos afastados 2,92 metros entre si. As torres, às quais estão ligados os cabos de aço, medem 23 metros de altura inclusive 8 metros que se acham enterrados em concreto sobre o solo. Os cabos sustentadores do tabuleiro são em número de 16 com comprimento de 286 metros. Desses cabos, 12 pesam 6 toneladas cada um, e 4 atingem a 10 toneladas de peso cada. De expressão e beleza sem par a Ponte Pênsil é conhecida internacionalmente.
Localizada na Baía de São Vicente, liga a Ilha ao Continente. ... rumo a Praia Grande

Francisco Saturnino Rodriques de Brito

Nascido em Campos-RJ a 14/7/1864, foi engenheiro sanitarista que fez os principais estudos urbanísticos e de saneamento de cidades como Vitória (ES), Campinas, Ribeirão Preto, Limeira, Sorocaba, Amparo, Petrópolis, Paraíba do Sul, Itacocara e até de Campos, sua terra natal. Também realizou projetos parciais nas capitais paulista e pernambucana. Em Santos, deu início a gigantesco plano de saneamento que incluiu os canais de drenagem e a Ponte Pensil,inaugurada em 21/5/1914, para dar suporte aos emissários do esgoto de Santos, cujos dejetos eram lançados ao mar na ponta de Itaipu. Deixou vasta obra, compilada em 23 volumes, e seus processos técnicos de saneamento foram adotados na França, na Inglaterra e nos Estados Unidos. Faleceu em Pelotas/RS em 10/3/1929. Monumento inaugurado 1969, nos jardins da praia do José Menino

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

A chegada de Martim Afonso de Souza em 1532 à Ilha de São Vicente foi assim imaginada pelo pintor santista, Benedito Calixto de Jesus que supôs corretamente o desembarque diretamente no lado onde surgiria a povoação de São Vicente, apesar de alguns historiadores de sua época sustentarem que na realidade esse desembarque teria ocorrido na Ponta da Praia em Santos.

Canal 6

Na Ponta da Praia, Santos, no local onde por muito tempo se acreditou que Martim Afonso teria desembarcado em 1532 na chegada ao Brasil da primeira expedição portuguesa de colonização (e por isso chamado de Porto de São Vicente), foi inaugurada junto ao canal de navegação do porto santista, em 1960, esta escultura projetada pelo arquiteto Aníbal Martins Clemente. Sobre a base de granito levanta-se uma coluna cilíndrica, composta de cinco elementos representativos do V Centenário de Morte do Infante Dom Henrique - fundador da Escola de Sagres (uma reunião em Lisboa de navegadores, astrônomos e outros sábios que planejaram as grandes navegações portuguesas)

Rua Japão - São Vicente

Localizada no Bairro de Guamium, é um reduto de pescadores artesanais, cuja a tradição se mantém forte nos dias de hoje, graças à colônia japonesa que ali se instalou. Recentemente inaugurada, a praça Kotuko Iha, um pedacinho do Japão em São Vicente, é uma homenagem do povo vicentino à cidade irmã Naha.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Casa Caio

A criação do abrigo para crianças que tenham sido, direta ou indiretamente atingidas pela Aids, surgiu a partir do momento que a incidência da doença em heterossexuais aumentou significativamente. As internações prolongadas, repetidas vezes, causam uma depressão significativa no estado emocional da criança, repercutindo diretamente, no seu estado imunológico, agravando a evolução do quadro. Sem dúvida o quadro social, no qual essas crianças estão inseridas, é fato decisivo para a mobilização da Comunidade;
O Centro de Apoio Infantil Oasis, não é mais uma instituição para crianças, mas, o ponto de partida para que as mesmas tenham uma vida mais natural possível, com maiores condições para enfrentar a problemática que envolve a Aids, com a retaguarda de pessoas sensibilizadas e motivadas para a resolução dos problemas que surgem.
O Centro de Apoio Infantil Oasis proporciona abrigo, alimentação, acesso à terapêutica disponível, tornando a doença uma patologia crônica e tratável, procurando minimizar o sofrimento e a discriminação

A Casa Caio encontra-se localizada na Praça Visconde de Ouro Preto, nº 19 na cidade de Santos-SP. Próximo ao pronto-socorro do Macuco.

Qual modalidade esportiva nasceu nas praias de Santos?

Foto: Edison Baraçal
Nascido na cidade de Santos, o tamboréu, também popularmente conhecido como o “esporte do pandeiro”, é uma das atrações das praias santistas há mais de 50 anos. E pensar que tudo começou a partir da imaginação criativa de uma dupla italiana, os irmãos Luigi e Joseph Donadelli, que chamavam a atenção de quem passeava pela orla marítima batendo e rebatendo uma bola de borracha maciça com uma espécie de pandeiro sem os guizos. Naquela época, em 1937, os atletas jogavam com uma distância entre si de, pasmem, aproximadamente, 80 metros e sem nenhuma delimitação de campo ou rede. Isso mesmo, os fundadores do esporte garantem que essa era a distância utilizada – quase uma quadra.
Mas, foi a partir da década de 1960, com a criação da Liga Santista de Tamboréu, a LST, que a modalidade se consolidou e ganhou importância no cenário nacional. Hoje, existem times e torneios para as diversas faixas etárias.Segundo Raphael Sérgio Rodrigues Martins, atleta, ex-presidente da Liga Santista de Tamboréu e co-autor do livro Memórias Esportivas de Santos – Tamboréu, o tampo de couro acabou sendo substituído pelo de madeira devido à falta e o alto custo do produto. Atualmente, há tamboréu com tampo recoberto com redinhas de nylon, que absorvem o impacto da bola. Assim, o atleta faz menos força para rebater, além de abafar o som da tacada, o que confunde o adversário, que aguarda pelo som seco, característico do contato da madeira com a bolinha em velocidade. Vale lembrar que esta é igual à usada nos jogos de tênis.
A orla de Santos é sede de campeonatos e torneios nas categorias juvenil, adulto, veterano e veteraníssimo, masculino e feminino. Durante a semana e nos finais de semana, em toda a extensão da orla, em horário permitido, centenas de praticantes são vistos jogando o tamboréu santista.

A Marquesa de Santos

Domitilia de Castro nasceu no dia 27 de dezembro de 1797 em São Paulo, casou-se aos 16 anos com o militar mineiro Felício Pinto Coelho de Mendonça, com quem teve três filhos: Francisca, Felinto e João. O casamento não durou muito. O marido tinha ciúmes de sua "beleza morena estonteante", como diziam os cronistas da época, que chamava tanto a atenção que os jovens brigavam por um lugar na missa de onde pudessem vê-la melhor. Em 1819, depois de dois anos de brigas violentas, ela recebeu duas facadas na perna, ainda grávida do terceiro filho e ele sumiu. Separada do marido, foi pedir a Dom João VI a guarda dos filhos e o seu divórcio. Neste momento, Domitila conheceu D. Pedro, que a trouxe para a corte, transformando-a em sua amante oficial. Sua influência sobre ele era tão grande que em 1824 foi designada Dama do Paço, a pedido da Imperatriz Leopoldina, a própria mulher de D. Pedro I, que já sabia, como todos da corte, do romance entre os dois. Em seguida, D. Domitila recebeu o título de Viscondessa e logo depois Marquesa de Santos. Este título foi uma provocação de Dom Pedro I a José Bonifácio de Andrada, que pertencia a uma família santista. A sua posição política liberal contribuiu para moderar a impulsividade do Imperador. Com ele teve cinco filhos: um menino natimorto em 1823, Isabel, Pedro, Maria e Maria Isabel. Todos eles receberam títulos de nobres logo após o seu nascimento. Em 1827, após a morte da Imperatriz Maria Leopoldina, a marquesa pensou que se casaria com D. Pedro I, e que seria finalmente a Imperatriz do Brasil. Porém, foi o oposto que aconteceu: ele ordenou a sua saída do Rio de Janeiro, com urgência, para casar-se com outra, D. Amélia. A relação foi rompida, definitivamente, em 1829. D. Pedro I deu uma indenização à marquesa, que retornou a São Paulo muito rica. Em 1833, ela foi morar com o liberal Rafael Tobias de Aguiar, um dos homens mais abastados da província, mas só casou em 1842. Sua casa foi o centro do espírito maçônico na sociedade paulista. A marquesa se destacava não somente na política, adorava oferecer saraus literários e festas carnavalescas. De seu segundo marido, falecido em 1857, a marquesa teve seis filhos. Em 7 de outubro de 1996, a Polícia Militar, comemorando seu primeiro centenário de existência, através do 6º Batalhão de Polícia Militar/Interior (6º BPM/I), homenageou seu fundador, o brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar (que casou em 1842 com a Marquesa de Santos), com este monumento na Praia da Aparecida (canal 5)

domingo, 5 de outubro de 2008

Santos, berço da liberdade

Foto: O Quilombo do Jabaquara - J. Marques Pereira, publicada no jornal santista A Tribuna de 26/01/1939, na edição especial comemorativa do centenário da elevação da vila de Santos à categoria de cidade (jornal no acervo do historiador Waldir Rueda)

O Quilombo do Jabaquara, que surgiu em meados de 1881, a sete anos de assinatura da Lei Áurea pela princesa Isabel, no dia 13 de maio de 1888. Foi uma das maiores colônias de fugtitivos da história e se situava mais precisamente atrás da atual Santa Casa de Misericórdia de Santos até a encosta do Morro do Bufo, no trecho compreendido entre o túnel Rubesn Ferreira Martins e a subida do morro da Nova Cintra. A decisão de cessão dos terrenos onde foi instalado o refúgio partiu de uma reunião secreta de santistas abolicionistas. O lugar para se criar o reduto foi os fundos da propriedade de Mathias Costa, em uma extensa área de mata virgem e várzea, cortada por inúmeros riachos. Para manter a ordem entre os abrigados do quilombo, foi apontado o nome de Quintino Lacerda, ex-escravo de Lacerda Franco que ainda vivia na casa do antigo senhor. O Quilombo do Jabaquara era formado por uma série de casas unidas umas às outras e precedidas de armazéns, que abasteciam os negros de alimentos e outros produtos. O quilombo se organizava em torno da casa de campo do abolicionista e os quilombolas erguiam seus barracos com dinheiro recolhido entre pessoas de bem e comerciantes de Santos. A região permaneceu como quilombo alguns anos depois da abolição da escravatura e depois se transformou no que hoje é o bairro.

Santa Casa de Misericórdia de Santos - bairro do Jabaquara

José Bonifácio de Andrada e Silva

Por apenas dois dias de diferença, o famoso Grito do Ipiranga (Independência ou Morte) não foi dado em Santos. Era o que pretendia o Patriarca, ao trazer D. Pedro para cá pouco antes do fato. O príncipe teve uma indisposição e apressou seu retorno a São Paulo, proclamando a independência da Pátria na Capital. Palácio José Bonifácio de Andrada e Silva
Prefeitura Municipal de Santos" Nunca fui nem serei realista puro, mas nem por isso me alistarei jamais debaixo das esfarrapadas bandeiras da suja e caótica Democracia.”
José Bonifácio

Praça da Independência (Av. Ana Costa - Gonzaga - Santos)

Mais conhecido na história do Brasil como o “Patriarca da Independência”, quem foi José Bonifácio de Andrada e Silva, que tanto influenciou D. Pedro I, em sua Regência ? Que poder tinha esse homem para ser nomeado tutor dos filhos de D. Pedro I, mesmo após ter iniciado um amplo movimento de oposição ao imperador ?

Brasileiro de família abastada, nascido em 13 de Junho de 1763 na cidade de Santos, José Bonifácio estudou Ciências Naturais e Direito em Coimbra, adquirindo considerável reputação como professor universitário. Após percorrer por dez anos várias regiões da Europa, retornou para Portugal e em 1800 recebeu o título de doutor em filosofia, destacando-se também como geólogo e metalurgista, quando fundou a primeira cátedra de metalurgia lusitana. Tornando-se intendente-geral das minas de Portugal, ganhou cargos de relevância, passando a chefiar a polícia do Porto, após a expulsão dos franceses que haviam invadido Portugal em 1807 durante a expansão napoleônica.Presente em nossa história desde o início movimento de independência, José Bonifácio foi presidente da junta governativa de São Paulo (1821) e posteriormente assessor e ministro de D. Pedro, juntamente com seu irmão Martim Francisco. Tornou-se o principal organizador da Independência do Brasil com atuação destacada no processo constitucional. Seu liberalismo porém, limitava-se ao discurso ou a alguma literatura que produziu sobre a necessidade de abolição gradual da escravidão. Na prática foi um assumido defensor dos escravocratas. Nas eleições para Constituinte, José Bonifácio conseguiu fazer três dos seis representantes paulistas, colocando na liderança do grupo seu outro irmão Antonio Carlos. Atenuou as divergências políticas e ideológicas entre o imperador e a Assembléia Constituinte, onde representava a corrente mais conservadora defendendo um Estado extremamente centralizado e a limitação do direito de voto, em oposição aos liberais radicais, que exigiam uma constituição liberal, a limitação dos poderes de D. Pedro e a maior autonomia das províncias.Nesse contexto, a união dos Andradas com o imperador foi de curta duração. O autoritarismo de José Bonifácio gerou severas críticas por parte da oposição e a perda de seu prestígio frente ao imperador. Em junho de 1823 José Bonifácio foi frontalmente contrariado pelo monarca que assinou um decreto anistiando revoltosos inimigos dos Andradas. No mês seguinte José Bonifácio e Martim Francisco demitiam-se, enquanto Antonio Carlos se destacava como principal articulador do projeto constitucional na Assembléia Constituinte, mais tarde dissolvida pelo imperador. Na oposição os Andradas passaram a combater tenazmente o governo de D. Pedro não somente na Assembléia, mas sobretudo no Tamoio, jornal que fundaram em agosto de 1823 e cujo título, nome de uma tribo famosa pela aversão que tinha aos portugueses, mostra claramente sua orientação. O Tamoio era muito bem redigido, mas os princípios democráticos em seus editoriais, contrastava-se com o autoritarismo que marcou os Andradas na época em que eram ministros. Um outro jornal de oposição, o Sentinela da Liberdade à beira do mar da Praia Grande, auxiliava o Tamoio em suas investidas contra o imperador.Com a dissolução da Constituinte, José Bonifácio, seus irmãos e alguns partidários, foram deportados para Europa. Publicando um caderno de poesias sob o pseudônimo arcádico de Américo Elísio, José Bonifácio foi considerado o mais notório brasileiro de seu tempo. De volta ao Brasil, foi residir na ilha de Paquetá, reaproximando-se de D. Pedro I que após abdicar ao trono, indicou-o como tutor de seu filho (futuro D. Pedro II). Suspeito de participar da conspiração que pretendia restaurar D. Pedro I, foi acusado de crime político e preso em 1833, sendo julgado e absolvido por unanimidade. Em seus últimos dias de vida mudou-se para cidade de Niterói, onde faleceu em 1838. Legítimo representante das elites rurais José Bonifácio foi um político conservador que odiava a democracia e não hesitava em lançar tropas contra as massas. Suas propostas de caráter mais progressista, como a abolição gradual da escravidão e a distribuição de terras inutilizadas para lavradores pobres, são circunstanciais, refletindo a inevitável influência dos princípios iluministas naquela época. Se procurarmos entender o que de fato representou o estadista José Bonifácio na realidade histórica marcada pelo processo de formação do Estado Brasileiro, encontraremos um personagem extremamente conservador e até reacionário, já que quase tudo nele, girava em torno dos interesses da aristocracia rural escravista, a classe social que José Bonifácio efetivamente representou ao longo de sua vida política.

Praça da Independência, Praça José Bonifácio, Panteão dos Andradas e a casa da Rua XV de Novembro, no Centro da Cidade. Estes monumentos homenageiam o mesmo homem, um cientista, filósofo, poliglota e principalmente um líder político. Sua importância para o País e Santos é tamanha que até foi proposta a mudança do nome do município para Cidade Andradina ou Bonifácia, na época da elevação da categoria de vila à cidade.

Em 13 de junho de 1999, o prefeito de Santos, Beto Mansur, assinou Projeto de Lei, instituindo o acréscimo no calendário oficial de Santos a 'Semana do Patriarca da Independência', a ser comemorada anualmente na segunda semana de junho. Além disso, a lei determinará que Santos se torne a 'Cidade do Patriarca'.