sábado, 22 de novembro de 2008

O Exército Brasileiro...

...nasceu em São Vicente. A primeira convocação para um serviço militar obrigatório em terras brasileiras aconteceu por promulgação da Câmara de São Vicente, no dia 9 de setembro de 1542, que expediu um termo que determinava a organização de uma milícia formada por colonos e índios. O objetivo desse primeiro exército nacional: defender a primeira vila do Brasil dos constantes ataques dos silvícolas e também piratas. Pelo termo promulgado pela Câmara de São Vicente, os portugueses recém-chegados e que viviam nos campos, eram obrigados a se juntar com os vicentinos da vila na defesa do País. Foi também a primeira parceria entre o então Estado com a iniciativa privada, representada pelos colonos. Mais tarde, em 17 de dezembro de 1548, foi instituído que todo colono, habitante da terra, deveria possuir uma arma de fogo, pólvora e chumbo. Os proprietários de engenho tinham que reunir a pólvora necessária para acionar dois falcões (canhão de pequeno calibre), seis berços e seis meios-berços (canos de anteparo) e 20 arcabuzes, além de 20 lanças ou chuços, 40 espadas e gibões de armas alcochoados. Na Casa do Barão há um quadro do pintor Carlos Fabra que lembra os irmãos Braga , que teriam sido os primeiros vicentinos a serem reconhecidos pelos nomes. Ou seja, pessoas nascidas na vila e que se tornaram ilustres por terem participado das milícias decorrentes do termo promulgado pela Câmara. Os irmãos lutaram na defesa da terra e participaram da construção de fortificações em Bertioga.

Alberto Veiga

Natural de Vila Nova de Gaia, veio aos 10 anos para o Brasil, dedicando sua atividade inicialmente ao comércio.
Chegou a Santos por volta de 1893, aqui estreando no jornalismo como redator do Diário de Santos, fundando mais tarde o vespertino A Folha, na qual revelou suas extraordinárias aptidões para as lides da imprensa.
Regressando ao Rio, pouco tempo depois voltava a Santos, passando a trabalhar com Olímpio Lima, no Jornal A Tribuna. Sua atividade neste jornal foi das mais intensas e profícuas, destacando o seu nome como profissional competentíssimo.
Por volta de 1901, subscreveu, com Urbano Neves, o famoso pedido de "habeas corpus" em favor da família imperial, para que esta pudesse voltar ao Brasil, pedido esse que despertou grande celeuma nos círculos jornalísticos e políticos do país.
Desenvolveu com assinalado êxito inúmeras campanhas em benefício das instituições de caridade locais, fundando, com o coronel Joaquim Montenegro, na época vice-prefeito de Santos, a Sociedade Amiga dos Pobres - Albergue Noturno.

Francisco Martins dos Santos


Nasceu em Santos, a 5 de fevereiro de 1903, cursou o Ginásio Santista até o 1º ano secundário. Em 1915 foi para S. Paulo, onde cursou o Liceu Salesiano (do Sagrado Coração de Jesus). A gripe espanhola interrompeu seus estudos de Direito, Letras e em Biblioteconomia. Ainda assim, anos mais tarde, formou-se em Ciências e Letras, em São Paulo, e em Biblioteconomia, no Rio de Janeiro.
Tendo desistido dos estudos jurídicos, em São Paulo, e de volta a Santos, dedicou-se ao jornalismo, trabalhando, a partir de 1920, em todos os jornais santistas.
Começou a se destacar nas rádios de Santos e de São Paulo a partir de 1933.
Nos teatros, foi barítono e tenor dramático, especializado no gênero operístico, canções napolitanas e no folclore brasileiro de câmara, apresentando-se com acompanhamento de piano e grande orquestra sob várias regências. Em 1939, foi classificado, pela grande Besanzone, como tenor dramático excepcional e por ela convidado a ingressar no seu elenco, no Rio de Janeiro, o que fez em 1940, ali estudando com o tenor comendador Romeu Boscacci, de Milão, e cena, com o mestre do Municipal do Rio de Janeiro, na Temporada Oficial, cantando o 2º tenor na ópera "Tiradentes", sob a regência do autor, maestro Eleazar de Carvalho.
Em 1938 inspirou a fundação do Instituto Histórico e Geográfico de Santos, conseguindo com o santista Valentim F. Bouças a doação do prédio onde essa entidade se instalou.
Participou da fundação da Uniter - Organização de Ciências, Letras e Artes, e do PEN Clube (Pensadores, Escritores e Novelistas), ambos na então capital federal.
Venceu vários concursos oficiais de poesia, biografias e literatura. Ganhou medalhas de ouro pelos poemas "Cidade Ninféia", "Cidade Eleita", "Poema da morte de Braz Cubas para o pórtico de minha história". Venceu o Concurso Literário Rui Barbosa, promovido pela Câmara Municipal de Santos, e o Concurso de Poesia Martins Fontes, promovido pela Prefeitura Municipal de Santos.
Polemista, conseguiu que São Vicente fosse oficialmente reconhecida pelo Congresso Nacional e pelo Governo Federal como "Cellula Mater da Nacionalidade".
Denunciou pela imprensa a invasão do território santista pelo município de Cubatão, seu ex-distrito, provando que a Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa) estava parcialmente construída dentro das terras santistas, o que daria direito a Santos de tributar essa siderúrgica. Lutou para que fosse construída uma ponte entre as áreas insular e continental de Santos, permitindo a integração do território municipal.
Faleceu em 11 de outubro de 1978, em São Vicente, onde presidia, então, o Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente.

Oásis da Crença

Se trazes na garganta o apelo inconformado
Das dores que colheste em duras provações...
Se sofres sem remédio o açoite desvairado
De todos os desgostos e desilusões...
Repara neste abrigo e vê que abençoado
Oásis aromal de amenas vibrações...
Que reino encantador, feliz e descuidado,
Com pássaros a rir, em chilros e canções...
É nele que descansa a caravana antiga
Daqueles como tu, que buscam, desde a aurora,
A paz interior e uma esperança amiga...
Repousa nesta sombra e esquece o que há lá fora...
Verás, no coração do oásis que te abriga
Que tudo em ti renasce,
e as dores vão-se embora!...
Francisco Martins dos Santos

Adriano Dias dos Santos


Cidadão português, oriundo do pequeno município de Ansião, chegou ao Brasil na primeira metade do Século XX, logo investindo na compra de terras no litoral para cultivar bananas. Suas fazendas eram distribuídas nos municípios de Guarujá, São Vicente e Praia Grande. Em meados da década de 50 já era considerado o maior exportador de banana do Brasil.
Durante a Segunda Grande Guerra Mundial, Adriano Dias dos Santos auxiliou o exército brasileiro, abrigando em suas terras as tropas que ficaram incumbidas de patrulhar e vigiar o Porto de Santos e adjacências. Deu-lhes abrigo e alimentos. Ao final do conflito, o governo quis indenizar-lhe pelos gastos, mas o empresário abdicou do que deveria receber, alegando não "ter feito mais do que sua obrigação como cidadão que ama sua segunda pátria". Pelo gesto, foi agraciado com a “Medalha de Esforço de Guerra”, recebendo mais tarde o título de “Capitão Honorário do Exército Brasileiro”. Nesta época já era o agricultor e pecuarista de maior prestígio na Baixada Santista.
Em 1950 o então presidente da República de Portugal, Craveiro Lopes, em visita oficial à cidade de Santos, conferiu-lhe o título de Comendador. Em 1957, o empresário doou uma extensa área em Praia Grande para a Associação Protetora de Menores Desamparados. Esta área mais tarde recebeu o nome de Cidade da Criança.

Sítio Nossa Senhora das Neves

Ao tempo dos aguadeiros em Santos, que vendiam água potável pelas ruas da vila, a água de Nossa Senhora das Neves, ou simplesmente das Neves, era a mais procurada e aceita pelas famílias. Conjunto histórico-arquitetônico-arqueológico encontrado no Morro das Neves, área continental de Santos, onde os negros escravos permaneciam por alguns momentos, em preces e invocações por melhores dias, pois não podiam suportar as asperezas da jornada brutal de trabalho escravo, que iam além de suas forças físicas.
Ajoelhados diante da imagem da santa de sua devoção, em súplicas e rogos não para uma vida restauradora, de descanso e paz, mas pelo menos para evitar-lhes uma tarefa intensa e maldosa, que contrariava as suas condições humanas, sem tempo sequer para a tranqüilidade de uma oração, que era feita sempre à pressa, com momentos contados.
O feitor do engenho de Cabraiaquara, um português de má índole, perverso e muito subserviente aos patrões, não dava sossego aos pobres negros e quando eles, extenuados, se reuniam, por momentos, na igrejinha, o vigia lusitano, qual cérbero, os maltratava, por não lhes admitir um momento sequer de repouso.
- "Um dia acabarei com a regalia desses negros, pois eles aqui vêm para fugir ao trabalho do canavial".
Foi o que dele ouviu, um grupo de circunstantes, lá no pequeno templo.
Um dia, a capelinha de Nossa Senhora das Neves foi presa das chamas. Alguém, por perversidade, ateara fogo àquela casa de Deus. De nada valeram os esforços dos negros escravos, que, com água e areia, tentaram dominar o fogo. O templozinho ficou totalmente destruído e, com ele, a imagem de Nossa Senhora das Neves.
Houve o revide. Certos de que a ocorrência fora determinada pelo português, na ânsia de pôr fim aos escassos momentos de sua folga, os escravos se amotinaram e, aos gritos, como que feridos em sua condição de figuras humanas, afluíram ao sítio e puseram fogo na propriedade, cujos donos, por coincidência, se haviam dirigido para Santos.
Tudo ficou à prova do fogo. Antônio Joaquim, prevendo o fim trágico de sua vida, tentou fugir e chegou a mergulhar numa cachoeira, mas um escravo, forte, seguindo-lhe os passos, subjugou-o e levou-o para as proximidades do sítio, onde foi amarrado e submetido ao fogo.
O feitor português, homem forte, ainda tentou salvação nas águas do estuário, mas as pernas não o ajudaram. E ficou ali mesmo, como tocha humana, sucumbindo aos poucos, enquanto lá de cima, do outeiro, um coro de tamborins e gargalhadas festejava pateticamente a morte do algoz.

Prédio da Alfândega


A consolidação do prédio atual da Receita Federal de Santos inicia-se com a expulsão dos Jesuítas, em 1759, quando na ocasião, a Alfândega ocupou o Colégio S. Miguel o antigo Colégio dos Jesuítas. Abrigou também um quartel militar que alojou entre de 1804 a 1830 a Santa Casa de Misericórdia. O antigo prédio do Colégio dos Jesuítas foi demolido em 1877 e um novo prédio é inaugurado em 1880 exclusivamente para seu funcionamento. Em 1934 o atual prédio é construído pela Companhia Docas de Santos (CDS). Em 1969, a Alfândega de Santos passou a se chamar Delegacia da Receita Federal. Este prédio é a principal unidade aduaneira do Brasil, é responsável pelo controle fiscal de quase um quarto de todas as mercadorias que entram e saem do País. Suas rígidas linhas clássicas com influência art-deco, revestido de granito no térreo e massa raspada nos outros quatro pavimentos, com mais de 90 janelas, torna-o um dos edifícios mais imponentes de Santos, merecendo destaque os vitrais de várias janelas e do domo do segundo andar, onde dominam as Armas da República. Monumento a Braz Cubas

Casarão de Frontaria Azulejada


Localizada na antiga rua São Francisco e rua Santo Antônio, atualmente denominada Rua do Comércio desde 1919, a Casa da Frontaria Azulejada era um dos edifícios mais exuberante da cidade de Santos na época do Segundo Reinado. Construída em 1865 pelo Comendador Manoel Joaquim Ferreira Neto em estilo colonial, a fachada foi decorada com belíssimos azulejos coloridos. NO seu interior, dois pavimentos em forma de U, destacam-se os arcos romanos, além de resquícios de uma senzala na parte térrea do prédio.

O prédio estendia-se da Rua do Comércio até o Porto de Santos. Essa proximidade com os atracadouros permitia com facilidade a entrada e saída de mercadorias.

Foi decretado patrimônio cultural pelo SPHAN, Proc. 751-T, inscrição n.º 441, Livro Histórico, fl. 72 em 3- V-73, CONDEPHAAT, Proc. 22046/82, inscrito no Livro Tombo Histórico sob o n.º 220,
pág. 67, em 19/1/87 e CONDEPASA, Livro Tombo 01, inscrição 02, folha l, Proc. 16731.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

sexta-feira, 14 de novembro de 2008


Instalada na entrada de Santos, a figura de um peixe simboliza toda a Baixada Santista e o porto, lembrando também o time de futebol que ostenta o nome da cidade. Sua beleza reside na simplicidade de linhas, expressa em duas hastes de aço Cos Ar Cor 400. O material possui cobre e cromo em sua composição química, o que lhe confere a textura aveludada e a coloração marrom café, camada de pátina que se assemelha a ferrugem. O aço patinado foi escolhido pela necessidade de resistir ao tráfego intenso e à corrosão atmosférica, ocasionada pela exposição permanente às condições naturais.
As 35 toneladas de metal da peça foram produzidas pela Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa), empresa sediada em Cubatão, município vizinho de Santos. À noite, 61 lâmpadas especiais de vapor metálico, de 70 watts cada, iluminam o monumento em toda a sua extensão. Como o formato das lâmpadas é arredondado, há grande concentração de luz sobre cada parte focada da escultura, permitindo que ela seja avistada a quilômetros de distância. Executada pelo artista plástico Ricardo Campos Mota, a obra foi inaugurada em 15 de dezembro de 1999.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

"O Homem que Planejou Voar"

Bartolomeu Lourenço de Gusmão, em tela do pintor Benedicto Calixto

Uma equipe da TV japonesa Man Union, Inc., de Tóquio, em 2002 esteve em Santos para gravar imagens para o documentário "O Homem que Planejou Voar."

O documentário contou parte da história do santista Bartolomeu Lourenço de Gusmão, conhecido como o Padre Voador, inventor do balão e um dos precursores da aviação.

A equipe visitou alguns pontos históricos da Cidade para contar a vida do padre. Entre eles, o local onde ele nasceu, na Rua do Comércio, que embora não abrigue mais a casa, mantém uma placa indicando a importância do local. A Praça Rui Barbosa, Igreja Nossa Senhora do Rosário e na Pinacoteca Benedicto Calixto, equipamento instalado na avenida que tem o nome do grande inventor.

O programa, com duas horas de duração, realizado pela TV Man Union, foi exibido pela emissora TV Ashai, canal 10, de Tóquio, Japão.

"Queremos mostrar no documentário a história da aviação, enfatizando a vida de uma personalidade que entrou para a história como o precursor da aviação" -
Coordenadora da TV Man Union Inc., Alice Nagatami

Bartolomeu Lourenço de Gusmão (monumento na praça Rui Barbosa)

Nascido em Santos em dezembro de 1685, Bartolomeu foi conhecido pela inteligência e espantosa memória, capaz de recitar de cor todos os versos dos poetas latinos Virgílio, Horácio e Ovídio, bem como vários livros da Bíblia.
Cursou com o irmão, Alexandre de Gusmão, o seminário jesuíta de Belém da Cachoeira, na Bahia, onde se tornou noviço. O irmão Alexandre chegou a ocupar o cargo de secretário do rei D. João V e tornou-se conhecido como o negociador que consolidou as fronteiras brasileiras expandidas para oeste pelos bandeirantes.
Bartolomeu, foi o primeiro homem no mundo a conseguir elevar um objeto do solo, movido pelo calor. Ao demonstrar publicamente que havia inventado o Balão a Ar Quente, ou Aeróstato a Ar Quente, ou O Mais Leve que o Ar, no dia 8 de agosto de 1709, na Sala das Embaixadas do Palácio Real de Lisboa, tornou-se o Primeiro Cientista das Américas.
O padre inventor ou voador, como ficou conhecido, foi um dos primeiros elementos escolhidos para fazer parte da Real Academia Histórica de Portugal, quando da sua criação em 1720. Em 6 de agosto de 1721, inventou um processo para produzir carvão de terras artificiais. Projetou ainda fabricar artefatos hidráulicos, particularmente um sobre o qual escreveu o opúsculo de 13 páginas publicado em Lisboa e intitulado Vários modos de esgotar sem gente as naus que fazem água. Além de falar fluentemente as línguas latina, francesa e italiana, traduzia com facilidade o grego e o hebraico.
D. João V mandou que lhe dessem uma subvenção de 300 mil réis anuais, a fim de que prosseguisse nos estudos, mas a Junta dos Três Estados negou-se a dar-lhe o auxílio, sob a alegação de que não havia dinheiro.
Bartolomeu, como o irmão, sempre foi vítima da zombaria de seus contemporâneos e de perseguições da Inquisição por ser amigo de judeus. Por causa disso, viajou para a Holanda, onde fez experiências com lentes, e para a França, onde vendeu nas ruas de Paris remédios por ele mesmo fabricados.
Era um espírito inquieto, sempre inventando alguma coisa, sempre experimentando novos ramos do saber. Estudou Direito, teve atuação brilhante nos tribunais, foi membro da Academia Real de História, cumpriu as missões diplomáticas, sempre com o apoio de Dom João V. Para o rei, foi um homem de muita inteligência, além de curioso, com sua mania de inventar. Para os fidalgos e os inquisidores, um doido que inexplicavelmente gozava dos favores da Corte. Com as intrigas, surgiram acusações de feitiçaria e Bartolomeu teve de fugir novamente. No caminho, em Toledo, atacado por febres, faleceu na noite de 18 para 19 de novembro de 1724. Sua obra, marcada pelo desprezo dos contemporâneos, só mais tarde foi devidamente valorizada como a obra de um pioneiro da aviação.

Satirizado por poetastros do valor de Thomaz Pinto Brandão, o "Camões do Rocio", e outros zoilos dessa tarefa inglória, o sábio precursor da navegação aérea, ao deixar Portugal, em 28 de setembro de 1724, teve por despedida o seguinte soneto:

"Depois de dar ao povo mil pesares
Bartholomeu Lourenço, o Passarola,
Servindo-lhe o paquete de gaiola,
Também, também voou por esses ares
O medo lhe deu asas e talares
E qual Mercúrio, ou qual Padre CAROLA
De voador do ar, lhe deu na tola,
Ir ser agora voador dos mares.
Dizem, se sujeitou ir passar fome,
Fugindo ao Santo Ofício e logo, logo,
antes que o raio se empregasse nele.
E assim sendo contrário aos seus dois nomes:
Sendo Lourenço teve medo ao fogo,
Sendo Bartholomeu guardou a pele".

Em 21/01/1914, o vereador santista, João Manuel Alfaia Rodrigues Júnior, apresentou a proposta de se denominar Avenida Bartolomeu de Gusmão à via conhecida como Praia da Barra, que então correspondia a toda a extensão da praia da cidade de Santos. A decisão foi oficializada pela lei 647, de 16/02/1921, entrando em vigor a 01/01/1922. Posteriormente, outros trechos da avenida atlântica foram ganhando novos nomes, encurtando assim o traçado da via em homenagem ao Padre - atualmente restrito à faixa entre a confluência com a Avenida Conselheiro Nébias e a Avenida Saldanha da Gama.

domingo, 9 de novembro de 2008

Em 29 de agosto de 1999

O navio Bebedouro, de bandeira liberiana, permaneceu encalhado a poucos metros do muro de arrimo que dá sustentação à Avenida Almirante Saldanha da Gama, em frente aos clubes de regatas Internacional, Santista e Vasco da Gama, próximo à Ponte dos Práticos, no bairro da Ponta da Praia. O acidente aconteceu por volta das 16:00 horas, após a embarcação deixar o Terminal Privativo da Cargill, onde embarcara 13 mil toneladas de suco concentrado de laranja, com destino ao Porto de Amsterdã, na Holanda.
Quando saía do canal do estuário, o navio seguiu rumo inverso ao que deveria seguir, encalhando em um banco de areia. Às primeiras horas, o combustível depositado em tanques da proa foi transferido para a popa, reduzindo o impacto frontal contra a areia e evitando que a maré lançasse Bebedouro de encontro à mureta da avenida. O resgate foi rápido. Nele foram empregados quatro rebocadores da Wilson, Sons, contratados pela Cargill. Após 40 minutos, sob os olhos atentos de centenas de pessoas, o navio pôde finalmente seguir viagem. As imagens inéditas e exclusivas, que publicadas nesta edição, foram captadas pelas lentes do Jornalista Marco Damy, Editor do Fenamar Newsletter.

Duque de Caxias

Monumento a Duque de Caxias nos jardins detrás do Aguário,
na Ponta da Praia (Santos)

Nasceu na fazenda São Paulo, situada na vila de Porto da Estrela, hoje Parque Histórico Duque de Caxias no município fluminesnse de Duque de Caxias, em 25 de agosto.

Aos quinze anos de idade, matriculou-se na Academia Rela Militar, de onde foi promovido a Tenente.

Foi em 1839 ao Rio Grande do Sul, conflagrado pela revolução Farroupilha, em viagem de inspeção, retornando à Corte e seguindo no mesmo ano para o Maranhão, à frente da Divisão Pacificadora do Norte, para dar fim à rebelião conhecida por Balaiada. Foi promovido a coronel e agraciado com o título de Barão de Caxias em 1841. Como Marechal-de-Campo, acabou com a guerra dos Farrapos, tendo por isso sido elevado a conde e escolhido senador em 1846 pela Província do Rio Grande do Sul.
Foi Ministro da Guerra em 1855 e presidiu o Gabinete Ministerial entre 1861-62 e 1875-78. A atuação política de Caxias no Senado restringiu-se basicamente a assuntos militares, tal como um projeto que defendeu em 1846 em favor das guardas nacionais gaúchas, em que deu especial atenção às tropas localizadas no sul do país - ponto instável e estratégico.
Caxias também criou o Supremo Conselho Militar, substituindo as juntas de justiça militar, e propôs o fim do alistamento militar obrigatório.

Marquês de Tamandaré

O monumento situa-se nos jardins
da Praia de Aparecida
(canal cinco)

Joaquim Marques Lisboa, almirante da Marinha Brasileira, tinha o título de Marquês de Tamandaré. Nasceu no Rio Grande do Sul no dia 13 de Dezembro de 1807; faleceu no Rio de Janeiro no dia 29 de março de 1897.

Ingressou na Marinha aos 16 anos, travando os primeiros combates na Baia de Todos os Santos. Participou da Esquadra na Baia de Todos os Santos, ltaparica e Recôncavo em 1824. Seguiu depois para as duas malogradas expedições da Patagônia, sendo aprisionado pelos argentinos. Porém conseguiu libertar-se do navio em que se encontravam juntamente com os seus companheiros. Voltando à atividade, naufragou a fragata “Maceió”, conseguindo contudo salvar-se e logo depois, comandando a mesma “Bela Maria” obrigou, durante a batalha dos Baixios de Arequi o brigue esama argentino “Oito de Fevereiro” a render-se. Foi promovido a Chefe na Europa como Chefe da Comissão Naval Brasileira, fiscalizando a construção de um grupo de canhoneiras. De regresso ao Brasil foi nomeado Comandante da Esquadra que se encontrava em operações contra o Uruguai, tendo as- sistido a tomada de Paissandu. Lutou também na Guerra do Paraguai, tendo seu Quartel General instalado na Corveta Niterói. Retornando ao Rio de Janeiro, foi promovido a Almirante. Após o término da Guerra do Paraguai, Tamandaré foi convidado a ocupar importantes cargos oficiais. Com o advento da República, terminou a sua vida pública. Escrevera uma longa lista de serviços prestados à Pátria, um mais relevante do que o outro.
O dia de seu nascimento, 13 de dezembro, é lembrado como o Dia do Marinheiro

sábado, 8 de novembro de 2008

É a primeira igreja para ela no Estado

Ó Santa Josefina Bakhita, que, desde menina, foste enriquecida por Deus com tantos dons e a Ele correspondeste com todo o amor, olha por nós. Intercede junto ao Senhor para que cresçamos no Seu amor e no amor a todas as criaturas humanas, sem distinção de idade, de raça, de cor ou de situação social. Que pratiquemos sempre, como tu, as virtudes da fé, da esperança, da caridade, da humildade, da castidade e da obediência. Pede, agora, ao Pai do Céu, oh Bakhita, as graças que mais preciso, especialmente, Amém. Santa Bakhita, que tem milhares de devotos no Município, era africana, foi escrava e morreu em 8 de fevereiro de 1947, no Instituto Canossiano, na Itália.

Para que fosse declarada santa, era preciso a comprovação de um milagre e ele aconteceu aqui na Cidade de Santos, a cura de Eva da Costa Onishi, que tinha diabetes. Vinte e quatro horas após invocar a santa e esfregar a imagem (santinho) nas feridas que tinha nas pernas, elas voltaram ao normal, curadas.
As zonas das chagas permaneceram pigmentadas, como que para comprovar tal milagre.
O episódio aconteceu em 27 de maio de 1992.

Ela foi canonizada pelo então papa João Paulo II em 1º de outubro de 2000.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Hino

Embora seja um dos núcleos habitacionais mais antigos do Brasil, após mais de quatro séculos e meio de existência a cidade de Santos ainda não possui um hino oficial, como citam as professoras Angela Maria Gonçalves Frigerio, Wilma Therezinha Fernandes de Andrade e Yza Fava de Oliveira, em seu livro Santos - Um encontro com a História e a Geografia.


Santos
Céu azul...uma ilha encantada
que nos prende e enfeitiça
como magia de fada
Santos Tradição, fidalguia.

Os seus dotes são tantos de trabalho,
de amor e poesia
O seu passado é de glória
com tantos filhos na História

Terra adorada e benquista,
graças a Deus eu sou santista

Santos doou liberdade
Sempre ensinou caridade
Terra grandiosa e otimista
graças a Deus eu sou santista
Letra e música: Luiz Otávio

Santos terra fecunda
De beleza e de bondade
Terra onde ainda Existe a caridade

Santos sol ardente
Das belas manhãs douradas
Do verão escaldante
Das noites enluaradas

Santos torrão escondido
Neste recando do Brasil
Deste colosso querido
que tem o céu da cor anil.

Santos terra querida
Com as suas praias em flor
Praias cheias de vida
A vida cheia de amor
Letra: Ozório Baroni
Música: Norberto Barbiéri

Igreja Santo Antonio do Embaré


A Basílica Menor de Santo Antônio do Embaré fica localizada na Av. Bartolomeu de Gusmão, 32. Em frente, no jardim que separa as duas pistas da avenida, ergue-se uma estátua de bronze em homenagem a Santo Antônio, do escultor Luís Morrone. O monumento foi inaugurado em 1956. Sobre a basílica, há um excelente trabalho de alunos da Faculdade de História da Sociedade Visconde de São Leopoldo. As ogivas e vitrais, originou-se de uma pequena capela mandada construir pelo Visconde do Embaré, Antônio Ferreira da Silva, em homenagem a Santo Antônio, em 1875.
A construção atual teve sua pedra fundamental lançada em 1930, e as obras foram concluídas em 1946. A igreja foi elevada à categoria de convento em 1943, e a Basílica Menor em 1953.

Tanto as quatro portas laterais como a principal são entalhadas em madeira; o pára-vento é mais decorado ainda, e bem maior que todas as demais portas. O interior da basílica, um pouco escuro devido às janelas pequenas, inspira intenso recolhimento, acentuado pelos arcos em linhas altas, os vitrais coloridos e os afrescos que cobrem toda a parede e o teto, executados por Pietro Gentili, em 1946.
São ainda notáveis os confessionários e todos os altares em madeira, confeccionados em Porto Alegre.
A fachada apresenta duas torres com pináculos, um sóbrio portal de madeira entalhada, tímpano esculpido em mármore com várias figuras simbólicas. No interior, sobre o portal, insere-se uma rosácea notável pela elegância do desenho. Os arcobotantes que sustentam a nave da igreja formam uma coroa circular com dezenas de capelas.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Santistas "depõem" o presidente de São Paulo (1891)

O Poeta do Mar

Américo Brasiliense fora eleito Presidente do Estado. Nessa época, o ambiente em Santos era o de um caldeirão fervente. Ainda havia na cidade muitos monarquistas convictos, a luta entre as duas facções republicanas aumentava o temor de uma reviravolta política e da volta da monarquia e corriam soltos os boatos de uma revolução carioca para a restauração da antiga ordem. Foi em dezembro desse ano que o Marechal Deodoro aplicou seu conhecido golpe de Estado, ao qual o Presidente de São Paulo aderiu pronta e arbitrariamente. Os santistas chocados lançaram protestos e manifestos convocando o povo até à oposição armada ao Presidente, com Vicente de Carvalho (o poeta do mar) fazendo grande agitação, imbuído da idéia de depô-lo. A polícia é chamada para prendê-lo e restabelecer a ordem, mas ele se entrincheira no "Diário da Manhã". No dia 14, depois de passeatas e até tiroteio com a polícia, o povo inspirado no exemplo de Vicente de Carvalho "resolve depor" o Presidente com uma moção e a organização de um batalhão patriótico para sustentar, se preciso pelas armas, as resoluções da histórica moção. Histórica porque, no dia seguinte Américo Brasiliense renuncia ao cargo e assume o seu Vice Cerqueira César, integrante do Clube Republicano de Santos.

Engenho dos Erasmos



Em 1533, aproveitando as quedas d'água do Rio Jurubatuba aos pés do Morro da Nova Cintra, no atual bairro da Caneleira,na cidade de Santos, foi construído o terceiro engenho de cana-de-açúcar do Brasil. Iniciativa de Martim Afonso de Souza, que formou a sociedade "Armadores do Trato", o Engenho dos Erasmos, em estilo açoriano, tinha um moinho d'água com plataforma para vencer o terreno desnivelado e possuía unidades administrativa e residenciais, inclusive senzalas para os escravos. Produzia cana para exportação e rapadura e aguardente para o consumo interno. Em 1540 um dos sócios, o holandês Erasmus Schetz, adquiriu a parte dos outros. A moenda funcionou até o início do século 18, quando entrou em decadência e, por fim sofreu um incêndio que o destruiu quase que completamente, restando apenas ruínas. Em 1943 os terrenos foram comprados por Otávio Ribeiro de Araújo, que loteou a propriedade e doou o Engenho São Jorge dos Erasmos à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, em 1958.Considerado importante sítio arqueológico, foi tombado nas 3 esferas (municipal, estadual e federal). Devido a um desabamento de parte das parede, a USP suspendeu as visitas temporariamente, reabrindo novamente no final de 2004. Atualmente, as ruínas abrem das 9h às 16h, com programas especiais nas férias.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Zumbi

Em homenagem do Conselho Municipal da Comunidade Negra e da Prefeitura de Santos, foi instalado em 20 de novembro de 1990 (Dia da Consciência Negra), na Praça Palmares em Santos (confluência das avenidas Siqueira Campos e Afonso Pena), esta escultura de Zumbi (Francisco), líder do Quilombo dos Palmares em 1695.

O Quilombo dos Palmares foi fundado em 1597, nas terras da Serra da Barriga, atual estado de Alagoas. Em pouco tempo, o seu ideal de liberdade e competente organização fez com que o quilombo se tornasse uma verdadeira cidade.
Até que, em 1695, a expedição de Domingos Jorge Velho destruiu o Quilombo dos Palmares e assassinou Zumbi.
Em 1995, depois de 300 anos de seu assassinato, foi realizada no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares - contra o Racismo pela Igualdade e a Vida, reunindo em Brasília cerca de 30 mil pessoas. Zumbi dos Palmares foi oficialmente reconhecido pelo governo brasileiro como herói nacional.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Francisco Serrador Carbonell


Espanhol de Valência, gostava de contar a história de sua chegada ao Brasil, e as dificuldades por que passou em Santos, antes de enriquecer vendendo peixe em Curitiba, ingressar no mundo dos espetáculos e formar seu império no mundo do cinema.
Conta o memorialista Álvaro Augusto Lopes que, em 1905, Francisco instalou cinema na praça de touros que existiu na rua Amador Bueno em Santos, (onde estão hoje os armazéns da Cagesp). No centro da arena ficava "enorme pano (tela) suspenso de um quadrado." A aceitação do novo divertimento foi rápida, pois nesse mesmo ano passaram a funcionar dois cinemas na Rua 15 de Novembro - a nossa Rua do Ouvidor: o Bijou Theatre do bigodudo Bittencourt, no qual cabiam apenas 100 pessoas, e, próximo à Praça Barão do Rio Branco, o Cine Moderno, "que reunia assistência adequada ao nome".

O Instituto "Dona Escolástica Rosa" foi inaugurado em 1° de janeiro de 1908

Homenagem a João Otávio dos Santos,
esculpida por Caetano Fracarolli,
que mostra esse negociante conduzindo um aluno.
Nascido em Santos, em 08 de março de 1830, João Octávio dos Santos era filho bastardo de Escolástica Rosa, ex-escrava do Conselheiro João Octávio Nébias, que o balizou e cuidou de sua educação, ensinando-lhe as primeiras letras e noções de aritmética. Mais tarde, o padrinho encaminhou-o também nos negócios. Muito inteligente e de grande visão para o comércio, o jovem mulato foi acumulando fortuna, tornando-se um dos pioneiros no ramo de exportação de bananas aos países vizinhos e na importação de trigo da Argentina. Participou da política local e exerceu vários cargos públicos até a proclamação da República. Suas ações sempre estiveram direcionadas em favor dos mais empobrecidos. Atuou também como Provedor da Santa Casa de Santos por mais de vinte anos. Aos 69 anos, sentindo que sua saúde estava frágil, fez um testamento a fim de dispor de sua fortuna, visto ser solteiro e não ter herdeiros diretos. Legou parte de seus bens à Santa Casa; e outra, à construção de um Instituto Educacional que abrigasse meninos pobres e órfãos. Previdente, para que nada faltasse a essas crianças e para que vivessem independentes das benesses públicas, deixou setenta e quatro imóveis, cujos aluguéis deveriam cobrir as despesas com pessoal, alimentação e manutenção da escola. Nomeou o senhor Júlio Conceição seu testamenteiro e responsável pela execução e instalação do Instituto, que após concluído passaria a ser mantido pela Santa Casa de Misericórdia. O local escolhido para a construção do prédio foi a Chácara da Barra ou do Ramal da Ponta da Praia, uma das propriedades de João Octávio dos Santos, localizada na orla marítima. A obra foi projetada pelo escritório do Dr. Ramos de Azevedo, engenheiro de grande prestígio junto à burguesia paulista. Ergueu-se então um edifício majestoso, em estilo neoclássico, e que seguia os mesmos princípios adotados nas construções dos hospitais: em três corpos, para garantir a circulação do ar e a salubridade.

Estátua de João Octávio lendo um livro localizada no pátio interno do prédio

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Na Praia do José Menino

Nem todo mundo sabe, mas os surfistas e o surf santistas são referência no País e na própria história do esporte. A primeira prancha de surf construída no Brasil foi feita por três santistas, Osmar Gonçalves, Jua Haffers e Silvio Manzoni, em 1938, que a usaram para surfar na Praia do Gonzaga. Daí para frente, a modalidade só cresceu na Cidade: surgem os primeiros fabricantes de pranchas, os campeonatos, as lojas de roupas e grandes nomes. Um deles é o campeão mundial e santista Picuruta Salazar. O surfista conta que muita gente não se conforma de o surf ter se desenvolvido tanto numa Cidade com praia de baía, sem grandes ondas. Picuruta, que já surfou no mundo inteiro, aponta o Quebra-Mar, em Santos, como o melhor local para o surfista em todo o Brasil, em termos de infra-estrutura. A iluminação noturna, que permite a prática do surf também à noite, só existe na Austrália e na África do Sul. Atualmente, em Santos, há cerca de 4 mil surfistas, entre amadores e profissionais, que caem nas águas do José Menino, para pegar ondas de no máximo três metros de altura.

Palácio da Bolsa Oficial de Café de Santos




A esquina das ruas do Comércio e XV de Novembro é um ponto especial da cidade. Ali fica a sede da Bolsa Oficial de Café, totalmente restaurada, exibindo de novo a imponência dos tempos da inauguração, em 7 de setembro de 1922, durante as comemorações do centenário da Independência. Considerado um dos mais belos edifícios da Cidade e listado pelo Condephaat entre os monumentos de maior valor histórico, cultural e arquitetônico do País, o prédio é resultado de um projeto francês, inspirado no renascimento italiano, que venceu o Salão de Arquitetura de Paris, na primeira década do século. Foi criado para abrir a principal Bolsa de Café e Mercadorias do mundo, pois na época Santos era a maior praça cafeeira do planeta. Tudo nele sugere riqueza, a começar pelas mais de 200 portas e janelas; o pórtico em granito, enfeitado com as figuras de Mercúrio (deus do Comércio) e Ceres (deusa da Agricultura); a torre dos relógios, onde estátuas representam a indústria, o comércio, a lavoura e a navegação; as numerosas colunas, de diversos estilos. No interior, mármore de Carrara, cristais belgas, bronzes franceses, metais tchecos e jacarandá podem ser encontrados nos salões, onde também estão o vitral e três grande telas criadas por Benedito Calixto. Tudo isso levou 14 meses para ser recuperado pela Secretaria de Estado de Negócios da Fazenda, proprietária do imóvel, onde funciona também o primeiro Museu do Café Brasileiro, pela Associação Amigos do Museu do Café. Aos 77 anos, o prédio abriga além do museu, uma cafetaria e espaço para exposição.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Santos

Descendo a serra pela Anchieta ou Imigrantes,
essa é a visão que se tem.
Aí aparecem Santos, São Vicente, Guarujá, Praia Grande e Cubatão.

O Santista Plínio Marcos

Nasceu em Santos, a 29 de setembro de 1935. Filho de família modesta, não gostava de estudar e terminou apenas o curso primário. Foi funileiro, sonhou ser jogador de futebol, serviu na Aeronáutica e chegou a jogar na Portuguesa Santista, mas foram as incursões ao mundo do circo, desde os 16 anos, que definiram seus caminhos. Aos 19 anos, fazia o palhaço Frajola e pequenos papéis como ator em diversas companhias circenses e do teatro de variedades. Também atuou em rádio e na televisão local, em Santos. No circo aprendeu o tarô, a poesia dos contos populares e o jogo cenográfico da magia com a pobreza. O contato com o teatro aconteceu por acaso, quando teve de substituir um ator doente na peça Pluft, Um Fantasminha, de Maria Clara Machado. Em 1958, conhece a jornalista e escritora modernista Patrícia Galvão,a Pagu. Ela e seu marido Geraldo Ferraz, também jornalista e escritor, abriram os horizontes intelectuais dos jovens atores do movimento de teatro amador de Santos, inclusive Plínio, apresentando-lhes textos de dramaturgia moderna. Ao ler seu primeiro texto, Pagu o comparou a Nelson Rodrigues, figura que Plínio sequer conhecia.
Plínio estreou como dramaturgo aos 22 anos, com a peça Barrela (1958), inspirada na história real de um garoto que era seu vizinho, em Santos. Estuprado na cadeia, o menino matou, tempos depois, todos aqueles que o sodomizaram. A peça estreou no Centro Português com atores que ganhariam fama: Milton Gonçalves, Joel Barcelos e Fábio Sabag. Foi apresentada no II Festival Nacional de Teatro de Estudantes, evento organizado por Paschoal Carlos Magno. Barrela provocou polêmica e escândalo e foi vetada pela censura. E, por sua linguagem, permaneceria proibida durante 21 anos.
A censura a Barrela foi apenas a primeira de uma série de proibições. Sob o signo da censura, Plínio vive até os anos 80 sem fazer concessões, sendo intensamente produtivo e sempre norteado pela cultura popular. Quando a censura impedia a divulgação de seu trabalho, ele ganhava a vida vendendo seus livros na rua. Mas as peças que eram censuradas no Brasil faziam sucesso em Nova York, Paris e Buenos Aires.
Com a abertura política, as mudanças trazem uma nova fisionomia para o teatro brasileiro. As peças de Plínio também dão uma guinada, mas ele volta a impressionar com o romance Na Barra do Catimbó (1984), e a peça Madame Blavatsky (1985). O tarô, que aprendera no circo, assume outro peso na vida de um Plínio que se volta para as questões místicas e religiosas. É a época de Jesus Homem, Balada de Um Palhaço e A Mancha Roxa.
Plinio faleceu em São Paulo, aos 64 anos, no dia 19 de novembro de 1999, de falência múltipla dos órgãos. Deixou inacabadas a peça infantil Seja Você Mesmo e O Bote da Loba.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

domingo, 12 de outubro de 2008

São Vicente recebeu nome de mártir que morreu pela fé

São Vicente de Saragoça





De acordo com a história oficial do Município de São Vicente, a origem do nome remonta ao ano de 325. Na cidade espanhola de Huesca, então Província de Saragoza, nascera o jovem Vicente, padre dedicado que se destacou pelo trabalho a ponto de o bispo local, D. Valério, lhe haver confiado a missão de pregador cristão e doutrinador catequético.Valério e Vicente defrontavam-se com a fúria do imperador romano Diocleciano, que perseguia os cristãos na Espanha. Acabaram sendo presos por Daciano, um dos homens de confiança do imperador. Daciano baniu o bispo e condenou Vicente à tortura, tentando fazê-lo renegar a fé cristã.
Mas, a resistência física e espiritual do jovem padre ao martírio surpreendeu até os carrascos. Eles relataram a impressionante força de vontade do rapaz que, mesmo com lascas de ferro sob as unhas e colocado numa grelha para ser cozido aos poucos, continuou a reafirmar sua crença.
Na noite de 22 de janeiro, os algozes decidiram matá-lo com garfos de ferro, dilacerando-o completamente. Seu corpo foi jogado às aves de rapina. Os registros dão conta de que uma delas, um corvo, espantava as demais e impedia-as de se aproximarem. Os carrascos resolveram lançar os despojos ao mar.
Resgatado por cristãos, o que restou do cadáver acabou sepultado em uma capela perto de Valência. Depois, foi levado à Abadia de Castes, na França, onde aconteceram os primeiros milagres. Finalmente, seguiu para Lisboa e repousa até hoje na Catedral da Sé.
O jovem religioso foi canonizado com o nome de São Vicente Mártir. Tornou-se padroeiro de São Vicente (SP) e de Lisboa (Portugal). E o dia 22 de janeiro lhe é dedicado. Por isso, em 22 de janeiro de 1502, quando o navegante Gaspar de Lemos chegou no comando de uma expedição lusitana à ilha onde está localizado o município, deu-lhe o nome de São Vicente. Até então, era conhecida como Ilha de Gohayó.